quinta-feira, 19 de novembro de 2009



Tricolor faz dois gols no fim e está na decisão da Sul-Americana. Paraguaios apelam para violência, enquanto torcida provoca equatorianos
Uma vitória épica, como se tornou costume para o
Fluminense em competições continentais. Dessa vez, no entanto, o futebol-arte da Libertadores de 2008 deu lugar à força de vontade, superação e entrega até o minuto final, literalmente. Até os 47 do segundo tempo, a decisão da vaga na final da Sul-Americana seria nos pênaltis, mas Gum e Alan, em pouco mais de um minuto, fizeram explodir o Maracanã e garantiram a vitória por 2 a 1 do Tricolor, nesta quarta-feira, pela semifinal da competição continental. Cáceres marcou para os paraguaios. São 12 jogos de invencibilidade, sendo oito pelo Brasileirão. É o sétimo triunfo seguido.
A virada histórica coloca o clube na segunda decisão internacional consecutiva e faz do Fluminense uma equipe cada vez mais calejada com esse tipo de competição. Até porque, mais do que lutar pela vitória em campo, o Tricolor se viu obrigado a trocar sopapos com os paraguaios em pleno gramado após a comemoração do gol da vitória. Com a vaga confirmada e finalmente em paz após o apito final do árbitro chileno Carlos Chandia, resta ao Flu aguardar o rival na decisão: LDU e River Plate (URU) disputam a vaga nesta quinta-feira, em Quito, e os uruguaios têm a vantagem do empate por terem vencido por 2 a 1 no jogo de ida. Não perguntem, porém, aos tricolores quem seria o adversário preferido: ávidos por uma revanche, eles deixaram o estádio provocando os equatorianos: “LDU, pode esperar, a sua hora vai chegar”.
Cerro surpreende e abre o placar no início
O ambiente era totalmente favorável: estádio com bom público, mascotes gritando “é campeão” na entrada em campo, mas, ao que parece, os jogadores do Fluminense não ouviram os avisos de Cuca e foram surpreendidos por um Cerro bem postado na defesa e perigoso no ataque durante todo o primeiro tempo. No primeiro minuto, um chute de longa distância de Conca até incendiou a torcida tricolor. Entretanto, a disposição ofensiva dos paraguaios surpreendeu. Mais solto do que na partida da última semana no estádio “La Olla”, o Cerro tocava a bola com tranquilidade no campo de ataque e abriu o placar aos seis. Britez fez boa jogada pela esquerda e colocou a bola na área. No segundo pau, o grandalhão Nanni dominou, cruzou para trás e encontrou Cáceres, que emendou de primeira para superar Rafael: 1 a 0 no Maracanã e 1 a 1 no placar agregado da semifinal. Assustado, o Fluminense dava espaços, e o próprio Cáceres apareceu bem novamente pela direita, aos nove, mas acertou Diogo em chute cruzado. O desafogo tricolor aconteceu aos 12, quando Maicon foi à linha de fundo e rolou para Mariano. Da marca do pênalti, o lateral concluiu nas alturas. O Cerro, entretanto, seguiu jogando com segurança, e Britez, aos 17, levou perigo em cabeçada. Dois minutos depois, pressão do Flu. Conca cobrou falta na segunda trave, a defesa do Cerro parou pedindo impedimento e Gum apareceu livre para cabecear para o meio da área. Herner tentou cortar, quase fez contra e Barreto colocou para escanteio. Na cobrança, Conca cobrou direto e por muito pouco não fez gol olímpico. O goleiro espalmou por cima do travessão e deu continuidade à série que chegou a cinco escanteios consecutivos. Já refeito do gol sofrido, o Fluminense passou a tomar conta das ações da partida, mas o Cerro se defendia com segurança. Aos 30, o desgaste da maratona de jogos tricolor se refletiu em lesão. Um dos destaques da equipe, Maicon partiu em velocidade para dividir com o goleiro Barreto, sentiu lesão muscular na coxa direita e deu lugar a Alan. Sem o companheiro, Fred assumiu o papel de ponta, foi ao fundo e rolou com açúcar para Mariano soltar uma bomba de canhota, aos 34. O chute tinha endereço certo, mas Barreto fez uma defesa espetacular. Na sequência, após cobrança de escanteio, Digão chutou forte no bico da pequena área. A bola explodiu em Dalton e saiu. Foi o último lance agudo da equipe de Cuca na primeira etapa. Aos 40, Conca ainda teve boa oportunidade em falta na entrada da área e acertou a barreira.
Heroico: Flu domina e vira nos minutos finais
Sem outra opção além do ataque, o Fluminense se mandou para cima do Cerro e abriu espaços na defesa na volta para o segundo tempo. Aos quatro, Mariano colocou a bola na cabeça de Fred, que testou nas alturas, mas em seguida os paraguaios assustaram por duas vezes em contra-ataques. Aos seis, “El Tigre” Ramirez serviu Britez pela esquerda. O capitão do azul-grená rolou para o meio da área e deixou Nanni na boa. O grandalhão, entretanto, chutou por cima do gol. Dois minutos depois, Cáceres aproveitou vacilo de Digão, invadiu a área e bateu rasteiro. Rafael salvou com os pés. O jogo ficou aberto, e Fred desperdiçou excelente oportunidade, aos 11. Marquinho descolou grande passe para o atacante na marca do pênalti, ele dominou, ajeitou o corpo e definiu a jogada para defesa sensacional do goleiro Barreto. Com marcação forte no campo ofensivo, o Tricolor pressionava e Digão levou perigo, aos 18, após cobrança de escanteio. Aos 21, foi a vez de Diguinho tentar a sorte. O volante tabelou com Alan e chutou por cima da meta de Barreto. No lance seguinte, o próprio Alan concluiu. O atacante recebeu de Conca e arriscou com força de canhota, tirando tinta da trave esquerda do goleiro paraguaio. Todo recuado, o Cerro Porteño dava sinais de que ficaria satisfeito em levar a partida para os pênaltis. Aos 35, a fé citada por Cuca como arma tricolor durante a semana tomou conta das arquibancadas. A torcida deu início ao canto “A bênção, João de Deus”, e no lance seguinte Fred esteve muito perto de marcar. Ele recebeu de Diguinho dentro da área, mas foi abafado por Barreto. O Flu permaneceu no campo ofensivo e no minuto seguinte foi Conca quem tirou o grito de “uh” da garganta do torcedor. O meia argentino chutou forte da meia lua e a bola passou muito perto da trave direita do goleiro paraguaio. O jogo passou a ser de ataque contra defesa. Com 11 jogadores atrás da linha da bola, o Cerro não dava espaços para o Tricolor criar, e o jeito foi arriscar de longa distância. Diguinho tentou, aos 42, e isolou. Com a pontaria ruim, a equipe passou a apelar para o chuveirinho e por muito pouco a estratégia não deu certo. Aos 44, Adeílson cruzou com capricho para Fred, que, livre, na pequena área, testou rente ao travessão. E o caminho era esse mesmo. A estratégia deu certo no minuto final da partida. Conca levantou na área, Adeílson disputou com a zaga, a bola sobrou, e Gum, ao melhor estilo Adriano pela seleção brasileira contra a Argentina, na Copa América de 2004, acertou um chute certeiro no canto de Barreto para garantir a classificação. Em verde, branco e grená, um baile tomou conta das arquibancadas do Maracanã, mas Alan ainda encontrou tempo para se aproveitar do desespero do Cerro e virar o placar, aos 49. Em busca do empate, o goleiro Barreto se mandou para o campo ofensivo, seus companheiros foram desarmados, e a bola foi parar nos pés do atacante. Em alta velocidade, Alan deixou o goleiro para trás e com o gol vazio empurrou para as redes. Foi a senha para a festa que começou nas arquibancadas tomar conta do gramado. Revoltados com a situação, jogadores e comissão técnica da equipe paraguaia partiram para o confronto e uma pancadaria generalizada tomou conta do local, até que o árbitro chileno Carlos Chandia decretasse o fim do jogo.

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